O cantor Latino revelou recentemente ter perdido cerca de R$ 30 milhões em apostas, mergulhando em um vício que quase destruiu sua vida financeira e emocional. A confissão repercutiu nas redes sociais e reacendeu o debate sobre dependências comportamentais, um tema ainda pouco compreendido fora dos consultórios.
A revista CARAS Brasil ouviu a psiquiatra Maria Fernanda Caliani, que explica que o vício em jogos não é uma simples questão de “falta de controle”, mas um transtorno tratável que pode atingir qualquer pessoa.
Segundo a médica, “existe uma relação bastante próxima entre transtornos mentais e dependências comportamentais. Muitas vezes, o jogo entra como uma forma de aliviar sintomas prévios de ansiedade, solidão ou depressão”. Ela ressalta que em outros casos o processo ocorre ao contrário — “a própria compulsão gera tanto sofrimento e prejuízo emocional que leva ao desenvolvimento de quadros depressivos ou crises de pânico”.
Caliani afirma que há tratamento e chances reais de melhora, desde que haja suporte especializado e envolvimento da rede de apoio. “O tratamento pode envolver psicoterapia cognitivo-comportamental, que ajuda a identificar gatilhos e modificar padrões de pensamento distorcidos, medicação para controlar impulsividade ou tratar transtornos associados, e grupos de apoio, como os Jogadores Anônimos”, explica.
Ela reforça que o caso de Latino deve ser interpretado como um alerta, não como entretenimento. O vício é uma condição de saúde mental que pode ser revertida. “Há tratamento — e há chances reais de melhora significativa, desde que a pessoa tenha acesso ao suporte adequado”, conclui a psiquiatra.
Por fim, Caliani destaca a importância da espiritualidade e da rede social de apoio como complemento ao acompanhamento profissional, observando que “a espiritualidade pode ser um fator de proteção importante, mas não substitui o acompanhamento médico”.
A história do cantor, portanto, vai além da exposição pública: é um chamado para discutir o impacto das compulsões modernas, sejam elas ligadas a apostas, redes sociais, consumo ou outras formas de dependência emocional.
📎 Fonte:
CARAS Brasil – “Psiquiatra cita tratamentos para vício de Latino: há chances reais de melhora”