Fonte original: Revista Cláudia — “Risada patológica, como a do Coringa, existe? Neurologistas explicam” (Editora Abril)
Tema técnico: Risada patológica e regulação emocional no sistema nervoso central.
A risada patológica é uma condição neurológica real, caracterizada por episódios de riso ou choro involuntário, desproporcional à situação e impossível de controlar. Apesar de pouco conhecida, essa manifestação está associada a alterações cerebrais em áreas responsáveis pelas emoções, como o tronco cerebral, sistema límbico e córtex pré-frontal.
Segundo neurologistas, a risada patológica pode ocorrer em pessoas com lesões cerebrais, doenças degenerativas ou distúrbios neuroquímicos. Entre as causas mais comuns estão AVC, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica (ELA), traumatismos cranianos e tumores cerebrais. Também pode aparecer em casos de doenças psiquiátricas ou desequilíbrios emocionais graves, sendo, portanto, um sintoma que exige avaliação médica.
O artigo esclarece que é importante diferenciar o riso patológico do comportamento emocional normal. Rir demais, em situações sociais, ou demonstrar alegria intensa não é anormal. O que caracteriza a patologia é o caráter involuntário e fora de contexto do riso ou choro — ele surge de forma abrupta, sem relação com estímulos externos e muitas vezes causa constrangimento ao paciente.
A explicação médica está nas vias neurológicas que controlam as respostas emocionais. Quando essas áreas são lesionadas, os impulsos elétricos entre cérebro e sistema límbico se desregulam, e o paciente perde o controle sobre suas reações emocionais. Isso significa que o riso não é psicológico ou intencional — é uma resposta fisiológica resultante da falha nos mecanismos cerebrais de inibição.
O tratamento da risada patológica depende da causa subjacente. O neurologista pode indicar medicações que regulam neurotransmissores (como serotonina e dopamina), além de terapias comportamentais e acompanhamento multiprofissional. Reconhecer o sintoma precocemente é fundamental para que o paciente receba o cuidado adequado e evite diagnósticos errados.
O texto conclui reforçando que a risada patológica não é uma característica excêntrica ou “de humor”, mas um sinal neurológico importante. Procurar um especialista é essencial para investigar a causa e devolver o controle emocional ao paciente.